Opinião | O fim da USAID e o silêncio sobre o futuro de Moçambique
O recente encerramento oficial da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciado após um processo de desmantelamento iniciado em fevereiro, marca o fim de uma era de cooperação internacional que teve implicações diretas em dezenas de países africanos, incluindo Moçambique.
1. A saúde em risco: fim de programas que salvaram milhões
Durante mais de duas décadas, a USAID foi o principal parceiro dos ministérios da saúde em países em desenvolvimento. Em Moçambique, sua presença materializou-se em programas como:
- Fornecimento gratuito de antirretrovirais para pessoas vivendo com HIV/SIDA;
- Campanhas de prevenção da malária com distribuição de mosquiteiros;
- Apoio a centros de saúde rural;
- Intervenções nutricionais para grávidas e crianças em risco.
Com a saída da USAID, todas essas frentes enfrentam um vazio de financiamento que o Estado moçambicano dificilmente preencherá de imediato.
2. Educação básica e formação: retrocesso iminente
A agência americana também financiava projetos educativos voltados à:
- Construção e reabilitação de escolas rurais;
- Formação contínua de professores;
- Campanhas de literacia para mulheres e meninas.
O risco de queda na qualidade da educação e aumento da evasão escolar é alto.
3. Agricultura e segurança alimentar
A USAID teve papel essencial no apoio a pequenos produtores com:
- Técnicas agrícolas sustentáveis;
- Irrigação e sementes melhoradas;
- Organização de associações familiares.
Sem esse suporte, a segurança alimentar em zonas rurais pode regredir dramaticamente.
4. Enfraquecimento da sociedade civil
A USAID financiava:
- Educação cívica e eleitoral;
- Combate à corrupção;
- Apoio jurídico às vítimas de violência;
- Monitoria da governação.
O desaparecimento desse apoio pode calar vozes críticas e comprometer a transparência.
5. Vulnerabilidade a emergências
Em situações de catástrofes como os ciclones Idai, Kenneth e Freddy, a USAID sempre foi das primeiras a responder com:
- Ajuda alimentar de emergência;
- Equipes médicas;
- Kits de abrigo e higiene.
Com sua saída, Moçambique torna-se mais vulnerável a crises humanitárias.
Reflexão Final
Com o fim da USAID, Moçambique precisa urgentemente:
- Redefinir prioridades orçamentais;
- Buscar novos parceiros estratégicos;
- Fortalecer instituições públicas e a sociedade civil.
O silêncio oficial sobre o encerramento da agência é alarmante. Está na hora de exigir respostas claras sobre como o país pretende garantir a continuidade de serviços fundamentais.
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