Saída da Mozal Pode Colocar Quatro Mil Trabalhadores em Risco
Declarações do Presidente da República
“Não podemos aceitar tarifas que vão levar a HCB a subsidiar a Mozal e colapsar a HCB.”
A posição do Chefe de Estado expõe um dilema central: deve o país proteger os interesses da multinacional para manter empregos ou priorizar a sustentabilidade da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB)?
Impacto no Parque Industrial de Beluluane
O anúncio da Mozal já faz sentir os seus efeitos no Parque Industrial de Beluluane, na província de Maputo:
- Mais de 26 empresas subcontratadas enfrentam risco de encerramento.
- Cerca de 4.000 postos de trabalho estão em causa, dependentes direta ou indiretamente da fundição.
A Duys Group, responsável pela produção e manutenção dos potes usados na fundição, anunciou esta quarta-feira a suspensão imediata das suas atividades. A fábrica e os escritórios estão encerrados, restando apenas seguranças no local.
Um trabalhador de outra empresa prestadora de serviços, em anonimato, confirmou que também se encontram sob estado de alerta.
Posições Divergentes
A Mozal sustenta que as condições propostas pelo Governo, que exigem o pagamento do preço real da energia fornecida pela HCB, poderão tornar a operação inviável economicamente.
Por outro lado, o Executivo mantém que não pode permitir que a HCB seja prejudicada, sob risco de comprometer a estabilidade energética nacional.
Apelos ao Diálogo
Em entrevista à TV Miramar, o diretor-geral da MozParks, Onório Manuel, defendeu um equilíbrio de forças na mesa negocial, apelando para uma solução sustentável que não coloque em causa a indústria nem a segurança energética. Contudo, reconheceu que, devido à complexidade dos interesses, é pouco provável alcançar um consenso a curto prazo.
Um Futuro Incerto
O impasse entre o Governo e a Mozal coloca Moçambique perante um desafio estratégico:
- Proteger milhares de empregos e garantir a continuidade de um dos maiores investimentos privados do país;
- Ou salvaguardar a viabilidade da HCB, vital para o fornecimento de energia e para a economia nacional.
Enquanto isso, milhares de trabalhadores e suas famílias aguardam com ansiedade pelo desfecho das negociações — um desfecho que poderá marcar profundamente o futuro industrial e económico de Moçambique.
