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Eletrificação em Moçambique: Esperança, Desafios e o Futuro com Mphanda Nkuwa

Eletrificação em Moçambique: Esperança, Desafios e o Futuro com Mphanda Nkuwa


Em Siduava, Moçambique, a chegada da eletricidade mudou a vida de muitas famílias. Um exemplo é o de Hermínio Guambe, de 48 anos, que antes cortava cabelo num pequeno salão sem energia elétrica. Hoje, com luz disponível, ele já utiliza secadores de cabelo, a farmácia local consegue armazenar medicamentos que exigem refrigeração e novas oportunidades de emprego surgiram com o crescimento do comércio e do transporte.

“São negócios assim que impulsionam economias. A eletricidade não é apenas luz, é uma oportunidade”, destacou Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, durante a sua visita ao país em julho de 2025.

Mphanda Nkuwa: O maior projeto hidroelétrico em 50 anos

Moçambique conquistou o apoio do Banco Mundial para a construção da Central Hidroelétrica de Mphanda Nkuwa, avaliada entre 5 e 6 mil milhões de dólares, considerada o maior projeto do género na África Austral nas últimas cinco décadas.

Localizada 60 km a jusante da barragem de Cahora Bassa, no rio Zambeze, a nova central terá capacidade de gerar 1.500 megawatts quando entrar em funcionamento em 2031. O projeto pretende ajudar a reduzir o défice energético regional de 10.000 MW, que ainda mantém milhões de pessoas sem acesso à eletricidade.

Acesso à energia em crescimento

O acesso à eletricidade em Moçambique quase duplicou nos últimos anos: passou de 31% em 2018 para 60% em 2024. A empresa pública EDM (Electricidade de Moçambique) ligou 563 mil casas só em 2024 e prevê chegar a 600 mil este ano.

O país possui grandes recursos — gás, hidro, solar e eólico — e já é o principal exportador de energia excedente da África Austral.

Apesar disso, ainda há muitos desafios. Como explicou o presidente da EDM, Joaquim Ou-Chim:

“Moçambique é muito grande e nem sempre é fácil levar a rede nacional a todos os cantos. Por isso, apostamos em soluções descentralizadas, sobretudo a energia solar.”

Hoje, cerca de 10% do acesso à eletricidade vem de projetos fora da rede nacional, e mais iniciativas estão em andamento.

Benefícios e preocupações

A nova barragem pode gerar receitas importantes para Moçambique através da exportação de energia para países vizinhos, como África do Sul e Zimbábue.

No entanto, especialistas como o consultor energético Evaristo Cumbane alertam para dois pontos:

  • A importância de investir também em projetos menores e locais, que aproveitem os rios, o sol, o vento e as longas linhas costeiras do país.
  • O risco do endividamento crescente. A dívida pública moçambicana já ultrapassa 17 mil milhões de dólares, e só em 2023 foram gastos 2,1 mil milhões em serviço da dívida.
“O Banco Mundial não é padrinho nem benfeitor. Está aqui para negócios. Isto não são doações”, reforçou Cumbane.

O contraste da realidade

Moçambique carrega um passado de guerra civil, conflitos recorrentes e insurgência armada no norte, que chegou a travar investimentos bilionários no setor de gás. Ainda assim, projetos como Mphanda Nkuwa simbolizam esperança para milhões de cidadãos.

Enquanto Hermínio Guambe colhe os frutos da energia elétrica no seu barbearia, Aurélio Arlindo, de 38 anos, vive sem eletricidade numa comunidade pobre nos arredores de Maputo. Desempregado há anos, ele olha com expectativa para os novos postes de energia instalados perto de sua casa:

“Está mesmo a chegar. Só estou à espera”, disse, sonhando em abrir uma banca de bebidas geladas.

Conclusão

A eletrificação está a transformar Moçambique, criando negócios, empregos e novas perspetivas de vida. Projetos como Mphanda Nkuwa representam não apenas energia, mas também esperança de desenvolvimento económico e social.

Contudo, o país enfrenta o grande desafio de equilibrar o crescimento energético com a sustentabilidade financeira e a inclusão das comunidades mais remotas.

No fim, histórias como a de Hermínio Guambe mostram que quando a energia chega, o futuro acende-se.

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